...ou este anúncio, apesar de interessante do ponto de vista criativo, reproduz uma série de pré-conceitos e estereótipos infundados, como por exemplo a associação entre a infidelidade e o sexo masculino? Ao apresentar um homem como protagonista de várias relações ocasionais fora do casamento, assume-se que esse é o comportamento típico dos homens, e dessa forma, imputa-se ao sexo masculino a responsabilidade pelo contágio. Uma ideia tão ultrapassada como a que assume a SIDA como doença de homossexuais.
Já não sei se anúncio ajuda a desmistificar um preconceito ou se, pelo contrário, ajuda a vincar outros...
Se pensam que vou contar os meus, desenganem-se...
Também não teria grandes mistérios para partilhar.
Lá está: dei-me conta de que quase ninguém tem um segredo realmente secreto. Há quase sempre alguém a quem confessamos o inconfessável... ou então alguém que nos 'descobre o rabo'... Quase sempre...
«O recurso aos famosos é uma forma fácil de fazer publicidade e pode trazer riscos para a marca» João Roque, director criativo da Leo Burnett, in 'Diário Económico'
Em Portugal, o endorsement também está em alta. Bem típico dos portugas. É que dá mais trabalho produzir um bom anúncio e até um bom produto do que pegar numa carinha laroca. Mas o que é demais enjoa...até mesmo as carinhas larocas.
A Fátima Lopes, por exemplo, (a apresentadora) já nem se sabe muito bem se come iogurtes com bifidus-activo, se vende seguros de saúde, ou se está preocupada com as rugas. Qualquer dia o consumidor pensa que é o iogurte que reduz os vincos na pele e o seguro de saúde que ajuda a regular o trânsito intestinal.
Há cerca de um ano atrás tive a infeliz ideia de mudar de visual. Não gosto de grandes mudanças, mas arrisquei... wrong decision! Como a minha auto-estima não suporta a imagem que desde então o espelho me devolve, dedico diariamente uma hora, dentre as 24 que a graça divina me concede, aos cuidados estéticos.
Uma hora...
Ora, ao cabo de um ano são 365 horas, o que convertido em dias dá precisamente 15dias. Pôr as coisas nestes termos é assustador: 15 dias à frente do espelho é tempo demais....
Tomar decisões é para mim uma tarefa inglória. Sinto-me tolhida pelo receio do porvir. Não que até hoje as decisões passadas me tenham pregado partidas, mas lá diz o ditado que 'quem tem cu tem medo'... Mas ao ler este post, fiquei a pensar na pertinácia irracional com que conduzimos as vidas. Num determinado ponto da nossa vida, talhamos mnentalmente um percurso que teimamos em seguir ainda que todos os ventos soprem em sentido contrário. Às vezes, todas as evidências são poucas... E cismados nesse(s) projecto(s) permanentemente diferido(s), porque é sabido que a satisfação absoluta anda sempre um passo à frente e nunca se deixa apanhar, deixamos escapar tantas oportunidades, algumas mesmo ali, à mão de semear. E com isto já perdi o fio à meada. Dizia eu que ao ler o tal post, pensei que a maioria de nós padece de um mesmo mal: o fatalismo. Caramba! As decisões não têm que ser irreversíveis e irreparáveis (pelo menos, a maioria delas...). Na vida, só há uma via de sentido único: a que nos leva infalivelmente até a morte. Tudo o resto é uma questão de perspectiva...
Este blog nasceu de uma crise. Fiz questão de apenas abrir as suas portas àqueles que o acaso da virtualidade colocasse no meu caminho. Nenhum amigo, familiar ou conhecido teria convite para participar da orgia. Mas o meu segredo deixou de o ser. Ela não precisou da confirmação; soube de imediato que era eu. As coincidências, essas sim, são um grande mistério.... Esse (in)feliz incidente fez-me pensar na tríplice relação leitor/autor/ narração e na influência que cada uma destas dimensões tem na percepção das restantes. Fiquei curiosa, confesso: que imagem construíram de mim aqueles a que abri as portas desta casa? De onde acham que sou? Que idade pensam que tenho? Que profissão exerço? Que vida levo? É isso mesmo: é um desafio. E se for de bom tom um desafio ter nome, entâo baptizá-lo-ei: «Tiros no escuro».
Tenho um inimigo. É grande, gordo, pesado, lento, inflexível, ininteligível, intransigente e muitas vezes irracional. Evito-o ao máximo, mas há dias em que o confronto é inevitável. O desfecho é sempre o mesmo: é um caso de incompatibilidade congénita. Chama-se Burocracia.
Consta por aí que Guillermo Vargas Habacuc, um artista costa riquenho, criou um novo conceito de arte: prendeu um cão a uma parede de uma galeria de arte e deixou-o morrer de fome e sede. Estranhamente (ou não), o conceito agradou à Bienal Centro - Americana de Arte, que convidou o artista a repetir a proeza na edição de 2008. Chocante? Assim narrado, talvez... Mas às vezes, demasiadas vezes, os pormenores fazem toda a diferença.... Não vos parece?
«Em vez de dramático, este incidente é surreal, absurdo, escaganifobético (...)» in MU nº 100, p.8
Acho piada àquelas pessoas que ainda acreditam que falar bem significa empregar vocábulos que mais ninguém conhece e decifra. Para esses espécimes, a eloquência é proporcional ao número de palavras desconhecidas empregues. Confesso que já tive esse preconceito falido. Até que um dia compreendi que essa é uma estratégia apenas funcional para os monodiálogos, mas não para a comunicação que se requer interpessoal. Podia até glosar sobre a origem etimológica do conceito 'Comunicação', mas não vale a pena. Fica apenas uma ideia: comunicar significa "tornar comum". E aí é que reside o segredo da eficácia comunicativa, válido em todos os domínios: tanto na interacção quotidiana, como nos anúncios publicitários ou mesmo nos discursos políticos. Se queremos ser entendidos, temos que nos fazer entender. Tão simples como isso!
Notícia de última hora: 'A venda de «Depuralina» foi suspensa (...)na sequência de uma «forte suspeição» de o produto estar relacionado com o «aparecimento de doença aguda grave em três situações»'.
(Ou)vi a notícia na edição noticiosa nocturna da 2. A reportagem rematava com a sensata recomendação da entidade competente:
"[A Depuralina] é segura, mas nem todas as pessoas a podem tomar"