Não é por acaso que Saudade é palavra que não consta no léxico de outras línguas.
Porque é falaciosa.
Porque Saudade não é senão o medo que sentimos quando o incerto se acerca de nós. E então nos mói aquele desespero de voltar para o espaço que é da cor que o pintámos um dia; onde tudo se mantém igual a si mesmo.
Porque Saudade não é senão a solidão que sentimos quando, mesmo rodeados de pessoas, nos sentimos estranhos, intrusos. E então nos mói aquele desespero de voltar para o espaço onde sempre pertencemos.
Saudade não um sentimento nobre que só aos lusos foi dado a conhecer. Saudade é o véu de cobardia com que velamos o medo e a solidão.
Comentava com um amigo a minha dificuldade crónica em aguentar relações estáveis e duradouras. Não sei, talvez seja trauma, síndrome ou pancada... a verdade é que quando uma relação começa a ficar demasiado séria, começo a sentir-me sufocada, sufocada, sufocada... parece que a relação deixa de fazer sentido, parece que deixo de sentir prazer em estar com a outra pessoa e tudo o o outro diz ou faz figura-se-me como uma tentativa de controlo.
Dá-me entao esse amigo a explicação que até agora mais me contentou, embora não corresponda a uma visão cor-de-rosa da coisa:
"A verdade - diz-me ele - é que algumas pessoas têm muito para nos dar e outras pouco. E a tendência é sugar tudo o que nos interessa do outro e depois cansamo-nos porque precisamos de mais. Ou, noutros casos, tornamo-nos o outro e cansamos nós".
Depois de se provar a independência, é impossível submetermo-nos ao controlo de outrém, sem experimentar aquele amargo sabor a servitude.
A regra é válida para todos os domínios... mas muito particularmente na relação pais & filhos.
Um dia serei mãe e, muito provavelmente, cometerei os mesmos erros que todas as mães. Mas no papel de filha, incomoda-me realmente o zelo excessivo da minha mãe, que de tão excessivo, às vezes roça o sufoco.
- Despacha-te, já estás atrasada!
- Se não descias tão cedo, já te ia chamar.
- Quando vais? Quando vens? Com quem vais? A que horas? Porquê? Onde?
- Queres que te prepare um lanche para levares amanhã? Não? Então o que é que vais comer? Mas não era melhor? Mas tens mesmo a certeza?
- Vais levar essa roupa? Mas não era melhor outro casaquinho? É mais quente, não vás tu apanhar frio...
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Sinto-me quase uma herege ao fazer este desabafo em surdina.
"Só o faço para te facilitar a vida!".
Bem sei que sim, mãezinha. Mas a verdade é que o instinto maternal às vezes parece deturpar a sua acuidade de discernimento: sou adulta, já provei que sou capaz de me desenrascar sozinha e, verdade seja dita...(é melhor não dizer...)...
Dá-me espaço... antes que eu sinta saudades do tempo em que vivi sozinha.
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