Um trabalho McCann Erickson
À falta de melhor programa para um sábado à noite, decidi rever "Blood Diamond" (rever não será bem o termo, dado que da primeira vez não o vi até ao fim...).
O filme em si dispensa comentários: todos os elogios que ousasse tecer pecariam por defeito.
Mas a entrevista com Edward Zwick activou-me o alarme ético-moral. Falando sobre o fundamento da história, dizia o realizador que as nossas acções vulgares têm implicações na vida de milhares de pessoas: acções triviais como simplesmente usar um cartão bancário. Senti a minha cabecinha a piscar luzinhas vermelhas, sinalizando a culpa por que respondo por via de compras como os ténis Nike em que me viciei, ou mesmo as camisolinhas Zara que ostentam um vergonhoso "made in China", "made in Bangladesh", "made in India".
Duplo crime: a aquisição em si, porque o produto é 'sujo'; mas mais grave, o entorpecimento da consciência - porque é tão mais cómodo fazer de conta que não sabemos de nada.
Inscrevi-me numa oficina de escrita criativa.
Se o preço era convidativo, o nome do formador era um imperativo.
Ontem foi a primeira sessão.
E para primeira vez, foi emocionante q.b.. Não tanto pelos exercícios em si, mas pela cena que lá presenciei.
E eu que pensava que já tinha visto de tudo!
Resumindo: entre os formandos contava-se uma mulher que desestabilizava permanentemente a sessão com as suas intervenções disparatadas. Quando finalmente o formador, com a subtileza que o caracteriza, convida a senhora a abandonar a SUA CASA, ela agride-o. Assim, sem mais: agarra o primeiro objecto à mão e estampa com ele na cara dele.
Fiquei apreensiva, confesso que fiquei. Uma pessoa desssas, se num desses momentos tem à mão uma arma de fogo, dispara com toda a certeza.
[os loucos fugiram daqui]
Quanto a mim, virem a público anunciar a descida de 0,05 cent./litro é gozar com a minha cara...
«O recurso aos famosos é uma forma fácil de fazer publicidade e pode trazer riscos para a marca» João Roque, director criativo da Leo Burnett, in 'Diário Económico'
Não é inédito, mas é sensato o aviso.
Veja-se o caso da Dior, agora a braços com os danos que os comentários de Sharon Stone podem inflingir à imagem da marca.
Em Portugal, o endorsement também está em alta. Bem típico dos portugas. É que dá mais trabalho produzir um bom anúncio e até um bom produto do que pegar numa carinha laroca. Mas o que é demais enjoa...até mesmo as carinhas larocas.
A Fátima Lopes, por exemplo, (a apresentadora) já nem se sabe muito bem se come iogurtes com bifidus-activo, se vende seguros de saúde, ou se está preocupada com as rugas. Qualquer dia o consumidor pensa que é o iogurte que reduz os vincos na pele e o seguro de saúde que ajuda a regular o trânsito intestinal.
Estes dias reencontrei num tasco aqui da zona uma amiga da infância. A propósito dos rumos que as nossas vidas tomaram, entramos em argumentação.
Ela estuda Saúde. E ainda tem aquela visão romântica do serviço público. Não o digo em tom jocoso, apenas tenho para mim que a fé vai esmorecer.
Mas disse-me uma coisa que tocou particularmente o meu sentido estratégico.
«Na minha faculdade, há algumas barreiras à produção de monografias sobre doenças.»
(Surpresa da minha parte. Então não é isso que é suposto investigarem num pólo de Saúde?)
«Preferem as monografias sobre saúde.»
Ultimamente ando muito centrada em mim, imersa nos meus conflitos internos, quase alheia ao que se passa à minha volta.
Hoje deu-me para pensar em coisas sérias.
Por vezes ouço, em jeito de desabafo, alguns ilustres doutores da minha academia lamentarem não poderem dedicar-se integralmente à investigação por via do exercício da docência.
Assim, em abstracto, faz sentido. E mais, sem cairmos na tendência de nos fundarmos em estereótipos, podemos até admitir que o perfil do bom investigador pode até nem ser compatível com as exigências pedagógicas do ensino. Não é forçoso que assim seja, mas pode acontecer.
Mas, raios me partam… agora também se fazem teses por tudo e por nada. Começa-me a parecer que a investigação é o destino daqueles que ainda não descobriram vocação.
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