A revista Sábado desta semana traz uma entrevista que vou recortar e guardar na caixinha das "coisas minhas". É uma caixinha catita onde guardo religiosamente as coisas que me significam - desde os bilhetinhos trocados furtivamente nas salas de aula à guisa de flirt, a bilhetes de cinema, facturas de livros, fotografias ou bugigangas foleiras. Acho que se se fizesse uma colagem de todos os itens que aí constam o resultado seria uma composição artística (provavelmente dentro do estilo Dada) que representaria aquilo que eu sou - uma tradução de mim, portanto.
Mas divago.
Dizia eu que me vidrei numa entrevista ao psicoterapeuta Flávio Gikovate. Nas palavras dele encontrei a minha postura face às relações com o sexo oposto. Nas suas palavras encontrei a explicação para o problema que diagnostiquei aqui.
Permito-me reproduzir aqui algumas passagens:
"Hoje a individualidade é tão preciosa que ninguém quer (e não deve) abrir mão dela para viver com alguém".
Gikovate não falava de egoísmo, mas de individualidade: o cultivo da relação com o próprio. Trata-se de viver bem consigo mesmo, não esperar que o bem-estar venha de fora. Uma individualidade bem resolvida é, segundo o especialista, e eu concordo em absoluto (muito embora ciente de que a minha concordância nada acrescenta à validade da teoria), condição sine qua non ao sucesso de qualquer relação.
Porquê?
"As boas relações afectivas são parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem".
E apenas para rematar esta minha recomendação de leitura, que não dispensa nem compensa a versão integral:
"... é muito perigoso depender de "terceiros" para ser feliz. Quando um dos dois percebe que não encontrará no outro aquilo que procura, a separação é inevitavél, porque no amor [como é tradicionalmente vivído] responsabilizamos o outro pelo nosso bem-estar, mesmo sabendo que essa é uma luta individual".
E aqui estará provavelmente a explicação para o meu problema...
Comentava com um amigo a minha dificuldade crónica em aguentar relações estáveis e duradouras. Não sei, talvez seja trauma, síndrome ou pancada... a verdade é que quando uma relação começa a ficar demasiado séria, começo a sentir-me sufocada, sufocada, sufocada... parece que a relação deixa de fazer sentido, parece que deixo de sentir prazer em estar com a outra pessoa e tudo o o outro diz ou faz figura-se-me como uma tentativa de controlo.
Dá-me entao esse amigo a explicação que até agora mais me contentou, embora não corresponda a uma visão cor-de-rosa da coisa:
"A verdade - diz-me ele - é que algumas pessoas têm muito para nos dar e outras pouco. E a tendência é sugar tudo o que nos interessa do outro e depois cansamo-nos porque precisamos de mais. Ou, noutros casos, tornamo-nos o outro e cansamos nós".
Com receio de que me furtassem a antena do rádio, andava sem ela.
Hoje foi um dia especial. Apenas porque foi um dia normal, como há muito tempo não me oferecia.
Depois do almoço achei que a casa merecia uma limpeza, assim como quem dá as boas vindas a um Verão que se faz tardar.
Fez-me bem essa tarde só comigo. Foi como se, ao arrumar a casa, arrumasse a desordem que me vai na alma.
E até o espelho sorriu quando, embrulhada na toalha de banho, deslizei os pés húmidos pelo soalho, ensaiando uns passos desajeitados ao ritmo de "My baby just cares for me" de Nina Simone.
E já agora, aqui fica um tributo ao vídeo, que está um mimo!
Hoje foi um dia intenso.
Aliás, se há coisa de que não me posso queixar é da intensidade dos meus últimos dias... o que não é necessariamente positivo.
Adiante...
Dizia eu que hoje foi um dia cheio de experiências. Experiências no mínimo ... curiosas.
Uma delas foi o encontro inesperado com um velho amigo que quase me chorou nos braços por desgosto de amor.
Fiquei meio embaraçada, como sempre fico quando é suposto consolar alguém. É que as palavras saem-me vazias e acabo por me sentir ridícula ao dizer aquilo em que nem eu mesma acredito. Por isso, prescindi das minhas aptências retóricas para me limitar a ouvir o desabafo sofrido daquele por quem também eu sofri calada na minha adolescência.
Enquanto o ouvia, a minha memória fazia rewind... Busquei dentro de mim a memória de algum sentimento análogo. É que assim, de repente, sentia-me incapaz de compreender o que é sofrer por amor.
Procurei e achei. Sim, também já sofri por amor... sofri mesmo. Sofri tanto tanto que até acho que criei imunidade ao amor.
Há cerca de um ano atrás tive a infeliz ideia de mudar de visual. Não gosto de grandes mudanças, mas arrisquei... wrong decision! Como a minha auto-estima não suporta a imagem que desde então o espelho me devolve, dedico diariamente uma hora, dentre as 24 que a graça divina me concede, aos cuidados estéticos.
Uma hora...
Ora, ao cabo de um ano são 365 horas, o que convertido em dias dá precisamente 15dias. Pôr as coisas nestes termos é assustador: 15 dias à frente do espelho é tempo demais....
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